Carta de uma Zungueira
Por: D.S.Chipilica Eduardo
Na verdade ser zungueira, passou a ser uma “profissão” ainda não reconhecida institucionalmente embora seja uma grande “actividade empresarial”Sustentando inúmeras famílias enfim só quem não quer ver, desconhece hipocritamente a sua importância em Angola.
Sou uma jovem mulher, bem educada , nasce e cresce num lar cristão.Sempre empenhava-me muito nos meus estudos e procurei ser ” pessoa fora de ser”desculpem-me por sair um pouco da humildade.
Quando apareceu na minha vida Maximiano , carinhosamente tratado por Max ...falsamente passou-se de “bom menino” converteu-se ao cristianismo pois era condição essencial para me conquistar e casar comigo. Eu nunca sentira amor por um homem, fiquei um bilhão... Maravilhada ! Entreguei-me a ele.Tudo era lindíssimo. Celebráramos um grandioso casamento, nunca tivera acontecido na “vida da Igreja “Meus pais radiantes não contiveram a emoção e choravam de imensa alegria.
Tempos depois , perdi os meus pais e dois irmãos ,num grande acidente de viação quando um camionista embriagado “depositou” sobre o Starlet do mais velho um contentor carregado de cimento.Morte imediata de todos os ocupantes que iam em direcção a missa dominical.Que azar! O motorista “abriu” e até hoje as autoridades nada dizem.
O meu querido esposo entregou-se as bebidas alcoólicas de cabeça aos pés , já não è o mesmo, dizem que foi” bruxado” por “Brincar”com muitas mulheres pois era um “vigarista” especializado. Tornou-se um verdadeiro dependente de mim e com os três filhos que temos .Encontrei na” zunga” meio por excelência de sobreviver, já que com a oitava classe, vou a onde?
Foi assim que me tornei a zungueira ,mais “pauzada” de angola .Estou sempre bem vestida e apregoar aos clientes , compra na zungueira mais famoso mais “pauzada” de angola.Alegria que transmito na rua e aos clientes ninguém resiste em adquirir os meus produtos . O tom da minha voz è melódica, dizem-me todos. Uma vez um cliente pediu para entrar em sua casa de repente queria violar-me só Deus sabe porque que não aconteceu. Outras vezes pessoas que recebem em “kilap” sò pra pagar nada atè aquelas que têm muito dinheiro.
A nossa grande “guerra”que ainda não acabou em 4 de Abril de 2002, è contra os policias e os fiscais da administrações em todo o pais , corremos frequentemente .Hoje se houvesse São Silvestre entre as zungueiras e esses “madies” , nós ganharíamos sempre.Muitas já foram mortas nas rua, nem sequer um processo abriu-se e se abriram esta em “banho Maria” .
Já tentaram encontrar , varias soluções para sairmos da rua com mercado, feiras etc. Nada resultou. Lá o negocio não “pica”.Alias são eles mesmos os nossos bons clientes na rua ?Quando levam as nossas coisas, põem aonde? Nunca ouvi que ofereceram a um lar de idosos, crianças ou aos mais desfavorecidos por isso enquanto a nossa sobrevivência for à rua, nós vamos continuar com perdas e sucessos .”No Stop”. Sou uma Zungueira com muito orgulho...
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