Lobito empenhado em resolver os problemas

 



Carlos Pacatolo, Amaro Ricardo (Administração do Lobito) e Mário Rui Ferreira (ISP Piaget de Benguela)

 

 

A Administração Municipal do Lobito e o Instituto Superior Politécnico Jean Piaget rubricaram um acordo de cooperação técnica e científica, destinado a potenciar e proporcionar às instituições públicas a reflexão e o debate no domínio do urbanismo, engenharias de construção civil, ambiente, electrotecnia, entre outros.

 

A primeira versão do plano director, documento principal de gestão e planeamento do território, é já uma realidade, o que é crucial para a vida desta cidade portuária.
O ensino superior foi lançado na província de Benguela em 1992, pelo Presidente da República, durante um encontro que manteve com a juventude da cidade. “Para nós, o Lobito estar na linha da frente dessa relação com o ensino superior não é um orgulho, mas sim uma obrigação”, salientou o administrador municipal.

O Lobito, prosseguiu Amaro Ricardo, tem uma monografia muito complicada, com contrastes geográficos profundos, que começam na linha de rebentamento das águas do mar até ao torpedo do Morro da Quileva. Na época das chuvas, as águas descem por um conjunto de linhas que se acumulam na zona baixa e se juntam ao velho e complexo canal de drenagem que tem vários problemas.

A cidade, que está prestes a celebrar o centésimo aniversário, tem as atenções voltadas para a realização de actos administrativos, projectos, acções de urbanização, loteamento, habitação, comércio, armazenagem e indústrias, de uma maneira mais pensada.

Neste momento, já existe a primeira versão do plano director, documento principal de gestão e planeamento do território, crucial para a vida do município, que possui uma componente específica de como resolver com acuidade os problemas da periferia, e que foi apresentado ao Conselho Municipal de Auscultação e Concertação Social.

“Esta parceria com a Universidade Jean Piaget vai contribuir para suprir as carências existentes na nossa Administração, fundamentalmente com meios técnicos e materiais, recursos humanos especializados, nas áreas das engenharias, arquitectura, construção civil, indústria, economia, entre outras”, salientou o administrador. A limitação de recursos não permite ter uma dimensão que se coadune com a complexidade geográfica, humana e económica, em prol do crescimento e desenvolvimento que o município almeja, acrescentou.

Na sua perspectiva, a cidade precisa de engenheiros, arquitectos, psicólogos, sociólogos, entre outros quadros, por ser uma urbe muito dinâmica, onde tudo acontece. “Basta referir os problemas sociais que nos últimos tempos se têm verificado no bairro do Lobito Velho e o que se podia fazer em termos de antropologia e sociologia e o que pode ser feito para inverter este quadro”, sublinhou.

Neste contexto, a Universidade Jean Piaget, enquanto parceiro da Administração, pode ajudar a perceber e compreender melhor o que se está a passar no município, porque estão a ocorrer vários casos que precisam de ser bem esclarecidos por especialistas, como psicólogos, realçou o administrador.

“Somos das poucas cidades de Angola que participam em fóruns internacionais. Recentemente, estivemos num evento na Irlanda sobre as cidades mundiais contra a pobreza e fomos agora convidados para estar presentes na Austrália, em Setembro, numa conferência internacional sobre as cidades e a biodiversidade, o que é importante, porque estamos empenhados na recuperação do ecossistema dos mangais para preservarmos espécies raras, como o flamingo cor-de-rosa”, assegurou.

 Acordo vantajoso

Carlos Pacatolo, assessor do administrador do Lobito, disse que o acordo vai facilitar, também, o enquadramento de estudantes e professores dos cursos de psicologia e sociologia, para darem um valor acrescentado aos aspectos em que a Administração tem alguma carência, como acompanhar os problemas psicológicos que têm surgido pela cidade e fazer o devido enquadramento social.
A Administração dá, também, oportunidade à Universidade Jean Piaget de abrir mais núcleos universitários na cidade portuária, uma vez que “os estudantes precisam de um pendor mais prático e os docentes podem aproveitar as experiências da Administração para um laboratório de ensaio, que vai servir para elaborar grandes teses para apresentar em conferências nacionais e internacionais.
“Com esta parceria podemos divulgar mais aquilo que fizemos, razão pela qual se está a efectuar este casamento perfeito, que aproveita o embalo dos 100 anos para fazer um Lobito melhor, diferente e que a todos orgulha”, reconheceu.

Melhorar a qualidade

Mário Rui, administrador do Instituto Superior Politécnico Jean Piaget (Pólo de Benguela), disse que se as pessoas se pautarem pelos discursos do Presidente da República em relação à melhoria da qualidade, respeito, cumprimento das obrigações da instituição de ensino, vão estar na linha da frente no contributo para essa qualidade. Para Mário Rui, “é uma grande honra rubricar o protocolo, porque entendo que a Universidade só existe se houver um diálogo constante, permanente e directo com os diversos estratos da sociedade. Dentro deste contrato não há qualquer remuneração, mas sim a paixão que nós temos pela cidade, por Angola, por fazer mais e melhor”.
“Estamos a assinar este contrato com o Lobito, porque a cidade também nos lança alguns concursos e nós queremos retribuir, assim como dar o nosso contributo aos festejos do centenário, que se comemora no próximo dia 2 de Setembro, sem, como é óbvio, esquecer as demais administrações da província com as quais vamos rubricar protocolos do género, no futuro”.

Refinaria do Lobito

A cidade está a construir uma refinaria com capacidade para produzir cerca de 200 mil barris/dia de petróleo bruto e gasolina sem chumbo, gasóleo, combustível de avião, petróleo iluminante LPG e quantidades limitadas de enxofre. O projecto tem uma dimensão ecológica e ambiental, pelo que, é necessário efectuar vários estudos e estratégias, tal como está a ocorrer com os investimentos do Caminho-de-Ferro de Benguela e do Porto do Lobito.

fonte: Jesus Silva 
 17 de Maio, 2013Jornal de Angola Online