“A Busca da Verdade do Homem a partir da Fé e da Razão”
D. Eugénio Del Corso, um Homem de Fé, mas também um homem da Ciência, um académico no verdadeiro sentido da palavra, deu-nos ontem (dia 29 de Março pelas dezanove e trinta), o amável privilégio de, num período de aproximadamente duas horas, nos conduzir (comunidade piagetina e ilustres convidados da Universidade Katiavala Bwila e Universidade Católica), pelas suas sábias palavras, através de um profundo exercício de reflexão em torno de um conjunto de questões vitais e transversais a todas as áreas do Conhecimento, desde as Ciências exactas às Religiões e, mais especificamente, à Fé.
Procuramos, neste artigo, sintetizar algumas das ideias avançadas por D. Eugénio Del Corso, salvguardando, desde já, a possibilidade de alguma imprecisão no que diz respeito à formulação exacta do seu pensamento, visto tratar-se de um texto elaborado a partir de notas tomadas durante a conferência. Segue então uma súmula da magistral aula de sapiência.
O Homem é o Ser que tem sede de conhecimento, e o único Ser que tem consicência desse mesmo conhecimento. Todas as Ciências, todas as Religões, entendidas enquanto diferentes formas de Conhecimento, radicam a sua origem, precisamente na formulação de questões cruciais com que todo o ser humano, em qualquer momento da sua vida se confronta: “Quem sou?” ; “Porque existo?" ; “Para onde vou”? "Existe morte para lá da vida?"
Se as Ciências se pautam por uma procura da Verdade a partir da experimentação, isto é, verdades empíricas, mensurávies, verficáveis, a Fé religiosa radica na crença, um princípio de credibilidade de Deus. Assim sendo, os princípios da Fé não carecem, desde logo, de verficação empírica. Contudo, subjaz quer às Ciências, quer à Fé, critérios de aceitação (ou não aceitação) que se fundam na Razão humana: Se Deus fala, fala a Verdade… É preciso que não esteja em contradição com a Razão. O absurdo não é crível, se é contraditório, não é aceitável. Refira-se ainda que a Fé tem a capacidade de ir além do conhecimento racional, de revelar novos conhecimentos. A crença na criação do universo como um acto de Deus – é uma verdade de fé. Uma verdade que não é determinável, nem pela mais aguda filosofia. De facto a problemática da origem do universo, trata-se de uma questão para a qual a própria Ciência (que se funda no tal princípio de experimentação), não consegue atestar através da da experimentação, a “teoria do Big Beng” é uma teoria não passível de ser verificada através da experimentação…
Após uma digressão através do mundo da ciência, apontando referências como Galileu Galilei (e a sua teoria heliocêntrica), Copérnico, Einstein, entre outros, conclui-se pela necessidade de se incrementar, cada vez mais, um diálogo entre Ciência e Fé. Os limites da Ciência devem fundar-se num princípio da ética, já que, como afirmava Einstein “a Religião sem Ciência é cega”.
Poderá a Ciência revelar todos os mistérios do cosmos? Poderá a Ciência resolver todos os problemas do Homem? Com a falácia do Positivismo, no seu sonho de encontrar as causas, as respostas absolutas às questões do Homem, a Ciência passa a integrar a noção de “indeterminação” subjacente à suas “verdades”, reconhecendo assim as suas limitações. A aceitação do princípio de Eisenberg (indeterminação) radica na consciência de que a validez universal dos seus critérios são aplicaveís num determinado “espaço” e num determinado “tempo” (conceitos também mutáveis, relativos: Teoria da Relatividade de Einstein).
Um progresso tecnológico que não contemple no seu horizonte um forte sentido ético, pode ter consequências preocupantes na vida das populações e da natureza (veja-se o efeito de estufa). Logo, Ciência e Fé devem ser vistas como campos autónomos mas não opostos. Trata-se de saberes complementares que, como tal, carecem de um diálogo permanente e verdadeiro, já que: “A Ciência pode purificar a Religião do erro e da superstição e a Religião pode purificar a Ciência da idolatria e dos seus falsos absolutos”.
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