quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A CO-RESPONSABILIZAÇÃO

Há já algum tempo que não rabisco algumas linhas, nesta página reservada ao editor. As razões foram várias, e não interessa aqui menciona-las. O certo é que, não é boa a razão que me leva a escrever de novo. Cá vamos; É como muito desagrado que temos constatado uma certa tendência por parte dos nossos estudantes em vandalizar o nosso Jornal Mural “ O Universitário”. Fazem observações descabidas, corrigem erros que não existem, assinam nas margens das folhas, em fim, profanam este, que seria o nosso “santuário” do debate aberto, franco e participativo. Devemos aqui, reconhecer as nossas falhas ortográficas e por isso, agradecemos desde já à todos quantos têm nos ajudado a corrigi-las, ao mesmo tempo que pedimos pelo facto, desculpas aos caros leitores. Voltando à vaca fria, estes estudantes que tentam sem sucesso desencorajar a nossa produção, não sabem que estão a dar um tiro “para as suas próprias pernas”. O jornal mural é de todos. Mesmo que apenas alguns se oferecem a escrever para ele, todos o lêem, ou pelo menos deviam. Consterna-nos bastante saber que nossa universidade com cerca de dois mil alunos, apenas três escreveram algumas vezes artigos ou outro tipo de matéria em mais de cinco meses de existência do jornal mural. Este cenário obriga-nos a corroborar com a ideia de que, há estudantes na nossa universidade que não estão interessados na academia, no saber e no debate de ideias. Estão apenas preocupados em passar de ano. Porém não queremos acreditar que esta seja a verdade sobre o assunto. Mas, escrever nas margens das matérias do jornal é uma prática condenável e vergonhosa para um estudante do ensino superior. É verdade que, sempre que posso, desabafo com professores e estudantes sobre o facto de não escreverem para o jornal. Todos se desculpam de mil maneiras, nem sempre diferentes. Alegar que a vida anda muito corrida, por isso, não pode escrever um texto para jornal em seis meses, não certamente plausível para quem frequenta a universidade ou por outra, para quem busca o saber. Outro dia estava eu, a mexer com os meus pauzinhos, quando me ocorreu a ideia de promover um ciclo de palestras com os estudantes, uma espécie de “semana científica”, ou “semana de debates” em que, seriam os próprios estudantes a palestrarem, a defenderem ou criticarem teorias e ideias, coisas que se fazem nas universidades sérias. Mas, definitivamente, com todo o respeito às excepções, há cá muita gente a brincar de estudar. Pois, não é concebível que um universitário não frequenta debates e palestras promovidas pela sua própria unidade de ensino, não ouve as notícias, nem lê jornais, não consegue formular um ideia sobre um facto social simples! Que tipo de profissionais estamos a formar? Precisamos ser coerentes connosco mesmos! Devemos questionar a qualidade de ensino que nos propormos oferecer. A formação universitária de qualidade não nos será dada pelas belas salas e o moderno equipamento que possuímos antes sim, pelo esforço individual e colectivo que empreendermos no sentido da auto responsabilização e partilha de obrigações. A direcção da universidade tem que deixar de pensar que a sua parte é apenas criar condições matérias de ensino e colocar os professores diante dos estudantes e os estudantes devem desfadar –se da ideia de que na universidade ninguém lhe exige nada, desde que pague as suas propinas, o resto é do fórum pessoal ninguém tem nada a ver. Este estado de coisas, só irá exacerbar as abismais discrepâncias que adornam o mosaico de quadro angolanos quando comparados em; formados em Angola e formados no exterior. Deixemo-nos de falsidades, ninguém pode se arrogar ao direito de considerar a qualidade da sua formação uma questão pessoal. Aquela estória do “o mercado será selectivo, quem não se esforçar será adiante punido pela própria sociedade”, só serve mesmo de muleta para os quem já não quer caminhar. A qualidade da formação de qualquer um de nós, diz respeito a todos. É uma questão de segurança nacional. É sim, não estou a alarmar nada. Imaginemos que assim, continuem as coisas para todo sempre, não teremos confiança nos nossos quadros, em outras palavras, não estaremos seguros da qualidade dos quadros nacionais. Estas linhas foram escritas com o fim de provocar um diálogo entre todos os membros da nossa comunidade académica. Há perguntas que devem ser respondidas. É tudo um exercício de co-responsabilização.
O EDITOR

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