quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

Como vai a comunicação na sua empresa?

 
Os mercados cada vez mais concorrentes exigem maior dinamismo de todos os actores. As empresas que perseguem altas produtividades não mais se satisfazem com dirigentes ou responsáveis. Elas precisam de lideranças. Pessoas capazes mobilizar os funcionários em torno dos grandes objectivos da empresa. E não simples burocratas ou controladores. Para isso estão em jogo as competências comunicativas do gestor. Caso este não as possua, deverá socorrer-se de um corpo de assessores para o feito, sob pena de incorrer que certos gestores vêem fazendo, as suas empresas por conta da sua aversão a comunicação. Disso, falaremos mais adiante. Entretanto, existem gestores que confundem informação com comunicação. Vivem produzindo informações que nem sempre circulam do modo certo em toda a estrutura da empresa. Estes homens e mulheres assumem-se como “autênticas máquinas de fazer despachos” ou invés de comunicadores que é, o que se espera de qualquer timoneiro.

Em determinados contextos, informação e comunicação são sinónimos; noutros, tem significados diferentes.
Um despacho informa uma decisão ou explicita um determinado procedimento. O que não gera necessariamente mudança de atitude. Ademais, a rotina laboral tem vícios próprios. As lideranças devem conhecer estes pergaminhos para conseguirem fazer passar por eles as metas, valores e a missão da colectividade, ao mesmo tempo que estabelece o espírito de pertença que gera comprometimento, elemento indispensável ao alcance do maior desiderato da firma: a produtividade. Isto, faz-se comunicando e, não despachando as coisas.

Diariamente as empresas produzem um leque de informações diversificadas. Para que estas informações influam na vida dos funcionários e concomitante, da empresa, é imperiosa a criação de mecanismos internos de comunicação. Isto é, precisa-se dar espírito as informações. Neste caso, a forma como a informação é passada faz a diferença. Ela precisa ser comunicada e não apenas transmitida.

A comunicação envolve com conjunto de signos sempre conjunturais e por isso, provisórios. Assim, para que toda a empresa fale a “mesma língua” é preciso que todos conheçam os signos. Tal desiderato pode ser alcançado quanto mais frequente for o exercício comunicativo quer a nível interpessoal (entre chefias, entre colegas, entre chefe e subordinado), grupal (dentro dos departamentos), intergrupal (entre departamentos) assim, serão mais rapidamente partilhados os significados e consolidados os métodos e aperfeiçoados os canais de comunicação, criando lentes que levam o individuo (funcionário ou chefe) a entender a sua posição e acção e a dos outros na empresa.

Ao contrário de um simples circuito de informação, o sistema de comunicação quando bem estruturado permite uma interacção maior dos elementos da firma numa cadeia hierárquica quer em sentido vertical ascendente ou descendente quer no sentido horizontal para os grupos pares. Deste modo evitam-se os canais alternativos que criam o “boato” perigam a produtividade.

A mais de um ano que desenvolvo um programa de aproximação de lideranças numa grande empresa. O programa consiste aproximação das chefias com as diversas áreas subordinadas. No início, tudo parecia muito difícil e confuso. Os briefings que se realizam semanalmente as segundas, mudavam constantemente de dias. Depois eram todos os dias. Os funcionários que tinham quase sempre uma lista de problemas apresentar as chefias (na sua maioria contra a pessoa do chefe e não sobre os trabalho), passaram a apresentar questões mais ligadas ao trabalho, tais como a satisfação dos clientes, o comportamento da concorrência, fidelização de clientes e outros afins. Nessa empresa, não havia comunicação. As chefias estavam distantes dos níveis inferiores por isso, não os compreendiam. Isso gerava uma atitude defensiva da parte dos funcionários, por essa razão eles, ao invés de fazerem o trabalho para o qual eram pagos, aventuravam-se a fazer análises psicológicas (ou psicóticas?) das chefias.

Provavelmente a sua empresa vive uma situação similar. Você está sempre a ver defeito nos seus funcionários. Os seus funcionários “odeiam” você. Ambos sabem disso. Mas, ninguém faz nada para quebra a barreira. Enquanto isso, a empresa é que perde.

Os funcionários odeiam sentir-se meros executores ou mão-de-obra. Eles amam sentir-se integrados na concepção e avaliação do seu desempenho. Reduzir o funcionário a mero executor é como passar-lhe um atestado de mercenário ou biscateiro da empresa. Por ele, passa a trabalhar porque lhe pagas um salário e não porque faz parte da empresa. Como afirmamos acima, retomamos agora aos aspectos nocivos a saúde financeira da empresa directamente resultante da má, fraca ou ausente comunicação empresarial.

Quando os membros de uma equipa não se comunicam, eles facilmente entram em conflito. E o conflito é seguramente o maior inimigo da estabilidade numa empresa. E uma empresa somente atinge altos níveis de lucractividade se for estável. Estamos todos recordados os episódio que ocorreu no seio da dos Palanquinhas durante a campanha para CAN2010, envolvendo o técnico Manuel José e o avançado Manucho Gonçalves. Fez-se alarido que bastou em torno do virar de costas. Mas, a falha estava na comunicação. Até hoje ficaram por se avaliar as consequências psicológicas do episódio no desempenho da nossa selecção no CAN que acolhemos.

Outros exemplos mais poderiam se elencados aqui. Porém, este não é o propósito deste artigo. Queremos tão-somente, chamar a luz para a importância da comunicação no seio das empresas. Lembrando que, quando bem assistida, ela só pode resultar em benefícios para empresa. Segundo Marlene Marchiori, doutora em Ciências da Comunicação, os empregados são parceiros e quanto mais bem informados estiverem, mais envolvidos com aquela empresa, sua missão e seu negócio, eles estarão. A Comunicação interna amplia a visão do empregado, dando-lhe um conhecimento sistémico do processo. “As acções da empresa devem ter sentido para as pessoas – sendo necessário que encontrem no processo de comunicação as justificativas para o seu posicionamento e comprometimento”.

Suportamos e completamos a ideia com a afirmação do professor Bueno: “funcionários descontentes, mal informados, geram prejuízos imensos às organizações porque podem expressar, com mais autenticidade do que outros públicos, os valores positivos ou negativos da cultura organizacional. Fica fácil acreditar no que eles dizem porque, afinal de contas, eles estão vivendo lá dentro. Como sabemos, a imagem e a reputação se formam assim, a partir de pequenas vivências e convivências e os públicos internos têm papel fundamental neste processo”.

A terminar, lanço o repto a todos os gestores no sentido de aceitarem o desafio de deixarem de ver a comunicação interna como “assunto de terceira” e passarem a accionar os vários mecanismos e canais actualmente existentes, nomeadamente, os briefings, o mural, o boletim, a internet, e outros com o fim de tornar as suas empresas mais saudáveis, comunicativamente falando.

Por: Martinho BANGULA

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