quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

É DE DAR SAUDADES ...A PIAGET ESTÁ RUBRA

REGRESSO



Quando eu voltar,
que se alongue sobre o mar
o meu canto ao criador
que me deu vida e amor


para voltar!...

Voltar!
Ver de novo o balouçar
Da fronte majestosa das palmeiras
Que as horas derradeiras do dia

Circundam de magia.


Regressar !

Poder de novo respirar -

ó minha terra -

aquele odor escaldante
que o húmus vivificante
do teu solo encerra.

Embriagar uma vez mais o olhar,
numa alegria selvagem,
no tom gritante da tua paisagem
que o sol a dardejar calor
transforma num inferno de cor.


Não mais o pregão das varinas
nem o monótono, igual, do casario plano.

Hei-de ver outra vez as casuarinas
a debruar o oceano.

 
Não mais o agitar fremente
duma cidade em convulsão.

Não mais esta visão
nem o crepitar mordente deste ruído.


Os meus sentidos anseiam pela paz
das noites tropicais
em que o ar parece mudo
e o silêncio envolve tudo.

Tenho sede !
Sede dos crepúsculos africanos


Todos os dias iguais
de tons quase irreais.
Tenho saudades !

Saudades do horizonte sem barreiras,
das calemas traiçoeiras,
das cheias alucinadas !



Saudades das batucadas
que eu nunca via
mas pressentia em cada hora
soando pela noite fora !



Sim, eu hei-de voltar.

Tenho de voltar !



Não há nada que mo impeça.
Com que prazer hei-de esquecer
toda esta luta insana,
que em frente está terra angolana
a prometer o mundo a quem regressa.
Oh ! Quando eu voltar,
hão-de as acácias
rubras, a sangrar,
florir só para mim.

E o sol esplendoroso e quente,
o sol ardente,
há-de gritar,
na apoteose do poente,
o meu prazer sem lei,
a minha alegria enorme
de pode enfim dizer:


 
VOLTEI !


ALDA LARA

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