quinta-feira, 19 de abril de 2012

Abertura das 1ªs Jornadas de Economia-Gestão e Direito

(transcrição do discurso de abertura das Iªs Jornadas Científicas de Economia-Gestão e Direito pelo Doutor António Pedro Amândio)


Ilustres Convidados, Estudantes dos Cursos de Economia e Gestão e Direito, Senhora e Senhores,

     Aceitai, em nome da Direcção, os nossos cumprimentos de boas vindas a estas Primeiras Jornadas Científicas, lugar privilegiado de refrescamento científico-intelectual, a decorrerem nas Instalações da nossa Universidade sob o tema: “políticas públicas e cidadania inclusiva”. A vós conferencistas e facilitadores desta suculenta mesa académica endereçamos os nossos agradecimentos pelas vossas contribuições neste entrosamento do saber.
     Senhoras e Senhores, a necessidade de o homem viver integrado, organizado em sociedade, por causa – em certo sentido – da sua contingência bio-psico-fisiológica, levou-o desde cedo a buscar estratégias, sistemas e até mesmo regimes de organização social que tornassem possível a sua adaptação ao tempo e ao espaço. A adaptação ao meio foi e é um processo que sempre comportou e comporta tensões e incompreensões, recuos, estagnações e avanços. Por esta causa e por outros motivos encontramo-nos aqui em Jornadas Científicas.
     Os séculos das luzes (XVII e XVIII) e a aparição da indústria moderna (século XIX) dissolveram as antigas estruturas sociais, debilitadas pelo tempo e pela estagnação, abrindo portas a mudanças radicais na composição das novas sociedades, cujos frutos transparecem na relação capital-trabalho, tornada hoje uma “questão decisiva”; na transformação das estruturas de produção e do capital convertido em “novo poder” que, colocado em mãos de poucos, em mãos dos grupos dos mais iguais, se torna alavanca de antigas e novas expressões de exclusão; na sobreposição do ter e do produzir sobre o ser e a dignidade, fazendo do ser um refém do ter a todo e qualquer preço; no aprofundamento do fosso entre as ciências humanas e as ciências económico-tecnológicas, colocando aquelas ao serviço e, às vezes, reféns destas sob o prisma do pragmatismo e sobretudo do utilitarismo.
     Bastará termos os olhos abertos para percebermos quanto a justiça é e deve ser o objectivo a atingir e, consequentemente, também a medida intrínseca de toda a política. Para o efeito, a política precisa de transcender a fronteira da simples técnica para a definição dos ordenamentos públicos, a fim de se fixar no patamar da ética promotora de uma verdadeira ecologia das relações inter e intra-humanas. Por outro lado, a razão precisa de se purificar da cegueira ética, derivada da prevalência do interesse e do poder que a deslumbram para que se possa fixar em metas sociais traduzidas em cidadania verdadeiramente inclusiva.
     Hoje, mais do que nunca, senhoras e senhores, como bem o tem percebido o fundador desta obra e Presidente da Associação Jean Piaget, Professor Doutor António Oliveira Cruz, a questão do diálogo interdisciplinar e transversal apresenta-se como caminho para defender o homem que, no dizer de Protágoras “é a medida de todas as coisas: das que existem, porque são; e das que não existem, porque não são”. As ciências são tais enquanto dialogam umas com as outras. Assistimos, pois, hoje e amanhã a um exercício deste desiderato, vendo confrontadas a ciência económica e jurídica na busca de vias de aproximação para favorecerem o homem todo e todo o homem. Bem haja aos organizadores destas jornadas! Aqui postos, declaramos abertas as Primeiras Jornadas Científicas sobre as “políticas públicas e cidadania inclusiva”.

Benguela, 18 de Abril de 2012
                                                                                                   
                                                                                       António Pedro Amândio, (PHD)
                                                                                     (Director Pedagógico)


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