CONCLUSÕES
O Colóquio Internacional de Línguas Nacionais,
promovido pelo Instituto Jean Piaget de Benguela, no âmbito dos 40 anos de
Independência de Angola contou com a participação dos diferentes sectores da
sociedade Angolana – a comunidade académica – estudantes, docentes e
investigadores nacionais (das províncias de Benguela, Cabinda, Huambo e Luanda)
e internacionais (Cape Town, Roma e Lisboa) e ainda representantes de
Instituições Oficiais – (Ministérios do Ensino Superior e Cultura,), assim como
da comunidade religiosa.
Pela abrangência dos seus
participantes, pela dinâmica e complexidade da temática, ressaltou a
necessidade de se fazer convergir sinergias de todos num processo faseado (já
iniciado) que conduzirá à integração plena de todas as línguas nacionais nos
diversos sectores da sociedade.
Destacou-se ainda, a noção de que as
línguas nacionais podem assumir um papel vital de inclusão social. Estas podem
tornar-se um importante veículo de alfabetização (sendo a língua materna e,
logo, o código de comunicação preferencial de uma grande parte da população).
Salientou-se ainda, a consciência de
que as línguas integram em si uma série de realidades culturais e tradicionais,
ou seja, uma especificidade cultural com cosmogonias próprias - paradigma
cultural bantu - parte integrante da consciência nacional.
Em nome de um desenvolvimento pleno do
nosso país – que se caracteriza pela diversidade etnolinguística – estas devem
ser preservadas e enriquecidas para que, a par com a língua portuguesa, se
tornem um factor de alavanca para o desenvolvimento cultural, social,
tecnológico e científico de toda a sociedade.
Assim, após estes breves dias de
reflexão conjunta, destacaríamos os seguintes pontos:
a) A importância de se investir na
formação especializada de académicos, particularmente nos domínios da
linguística africana, sociolinguística, etnolinguística e disciplinas afins.
Apenas desse modo poderemos capacitar a comunidade académica com as ferramentas
de análise e investigação apropriadas à complexidade da temática.
b) A consciencialização de todos de
que Angola é uma comunidade plurilingue e que, como tal, o domínio de duas ou
mais línguas é um factor de orgulho e riqueza nacional
c) A necessidade de a comunidade
académica promover a investigação científica e trabalho de campo nas
comunidades, envolvendo os estudantes em trabalhos de investigação no sentido
de contribuir para o mapeamento da realidade sociolinguística do país.
d) O papel que as instituições de
ensino superior (públicas e privadas) podem assumir, promovendo encontros de
reflexão, incentivando projectos de investigação, no âmbito das monografias de
fim de curso, na temática em causa.
e) A importância que a comunicação
social (Televisão, Rádios e Imprensa) pode assumir na valorização das línguas
nacionais, já que, por esta via, a comunidade juvenil passaria a identificar-se
mais com a sua língua materna, atribuindo-lhe também um traço de modernidade.
f) A necessidade de regulamentar as
normas ortográficas das línguas nacionais com base na avaliação criteriosa e
científica do tecido sociolinguístico do país.
g) Tomando como referência o resultado
das investigações efectuadas, fomentar a produção de materiais pedagógico-didácticos
- manuais escolares, dicionários, gramáticas, prontuários ortográficos, etc.
com o devido rigor científico.
h) Incentivar a produção literária (na
sua vertente oral/escrita e infantil) em línguas nacionais.
i) Promover a formação especializada
de professores capacitados para a docência das línguas nacionais, bem como a
capacitação de quadros já integrados nos diversos sectores da sociedade e,
muito particularmente no que concerne a sectores de atendimento ao público.
Em suma, e parafraseando um estudante
do curso de Línguas (Português e Línguas Nacionais) do ISP Jean Piaget:
“Conhecer uma outra língua é, de certa
forma, descobrir mais um mundo, conhecer mais uma cultura… é estar no outro sem
deixar de ser o próprio, é tornar-se mais humano ao conhecer outras dimensões
do homem, é alargar o nosso próprio mundo. É uma abertura ao outro...” (Eusébio Tchamawe)
Benguela, 9 de Maio de 2015
O
Secretariado do Colóquio
Acredito que o instituto jean piaget foi muito sortuda ao abordar uma tematicá muito actual, que tem sido adiada por nós Africanos em particular Angolanos, que infelizmente queremos sempre começar a varrer de fora para dentro ao envez do contrário.... o isp j. Piaget mostrou na verdade estar comprometida com o futuro que passa por tirar das trevas as nossa maior herança, nossa dignidade. ..As línguas nacional "o umbundu"...
ResponderEliminarBem haja nossó e vosso piaget...sou piagetino com muito orgulho!!!