segunda-feira, 18 de maio de 2015

COLÓQUIO INTERNACIONAL DE LÍNGUAS NACIONAIS



CONCLUSÕES

O Colóquio Internacional de Línguas Nacionais, promovido pelo Instituto Jean Piaget de Benguela, no âmbito dos 40 anos de Independência de Angola contou com a participação dos diferentes sectores da sociedade Angolana – a comunidade académica – estudantes, docentes e investigadores nacionais (das províncias de Benguela, Cabinda, Huambo e Luanda) e internacionais (Cape Town, Roma e Lisboa) e ainda representantes de Instituições Oficiais – (Ministérios do Ensino Superior e Cultura,), assim como da comunidade religiosa.
Pela abrangência dos seus participantes, pela dinâmica e complexidade da temática, ressaltou a necessidade de se fazer convergir sinergias de todos num processo faseado (já iniciado) que conduzirá à integração plena de todas as línguas nacionais nos diversos sectores da sociedade.

Destacou-se ainda, a noção de que as línguas nacionais podem assumir um papel vital de inclusão social. Estas podem tornar-se um importante veículo de alfabetização (sendo a língua materna e, logo, o código de comunicação preferencial de uma grande parte da população).

Salientou-se ainda, a consciência de que as línguas integram em si uma série de realidades culturais e tradicionais, ou seja, uma especificidade cultural com cosmogonias próprias - paradigma cultural bantu - parte integrante da consciência nacional.

Em nome de um desenvolvimento pleno do nosso país – que se caracteriza pela diversidade etnolinguística – estas devem ser preservadas e enriquecidas para que, a par com a língua portuguesa, se tornem um factor de alavanca para o desenvolvimento cultural, social, tecnológico e científico de toda a sociedade.

Assim, após estes breves dias de reflexão conjunta, destacaríamos os seguintes pontos:
a) A importância de se investir na formação especializada de académicos, particularmente nos domínios da linguística africana, sociolinguística, etnolinguística e disciplinas afins. Apenas desse modo poderemos capacitar a comunidade académica com as ferramentas de análise e investigação apropriadas à complexidade da temática.


b) A consciencialização de todos de que Angola é uma comunidade plurilingue e que, como tal, o domínio de duas ou mais línguas é um factor de orgulho e riqueza nacional 

c) A necessidade de a comunidade académica promover a investigação científica e trabalho de campo nas comunidades, envolvendo os estudantes em trabalhos de investigação no sentido de contribuir para o mapeamento da realidade sociolinguística do país.

d) O papel que as instituições de ensino superior (públicas e privadas) podem assumir, promovendo encontros de reflexão, incentivando projectos de investigação, no âmbito das monografias de fim de curso, na temática em causa.

e) A importância que a comunicação social (Televisão, Rádios e Imprensa) pode assumir na valorização das línguas nacionais, já que, por esta via, a comunidade juvenil passaria a identificar-se mais com a sua língua materna, atribuindo-lhe também um traço de modernidade.

f) A necessidade de regulamentar as normas ortográficas das línguas nacionais com base na avaliação criteriosa e científica do tecido sociolinguístico do país.

g) Tomando como referência o resultado das investigações efectuadas, fomentar a produção de materiais pedagógico-didácticos - manuais escolares, dicionários, gramáticas, prontuários ortográficos, etc. com o devido rigor científico.

h) Incentivar a produção literária (na sua vertente oral/escrita e infantil) em línguas nacionais.

i) Promover a formação especializada de professores capacitados para a docência das línguas nacionais, bem como a capacitação de quadros já integrados nos diversos sectores da sociedade e, muito particularmente no que concerne a sectores de atendimento ao público.
Em suma, e parafraseando um estudante do curso de Línguas (Português e Línguas Nacionais) do ISP Jean Piaget:
“Conhecer uma outra língua é, de certa forma, descobrir mais um mundo, conhecer mais uma cultura… é estar no outro sem deixar de ser o próprio, é tornar-se mais humano ao conhecer outras dimensões do homem, é alargar o nosso próprio mundo. É uma abertura ao outro...” (Eusébio Tchamawe)

Benguela, 9 de Maio de 2015

O Secretariado do Colóquio

1 comentário:

  1. Acredito que o instituto jean piaget foi muito sortuda ao abordar uma tematicá muito actual, que tem sido adiada por nós Africanos em particular Angolanos, que infelizmente queremos sempre começar a varrer de fora para dentro ao envez do contrário.... o isp j. Piaget mostrou na verdade estar comprometida com o futuro que passa por tirar das trevas as nossa maior herança, nossa dignidade. ..As línguas nacional "o umbundu"...
    Bem haja nossó e vosso piaget...sou piagetino com muito orgulho!!!

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