A minha análise deste artigo consiste na evolução das relações comerciais entre a China e África, tendo em conta os números da última década, para ser bem visível o enorme crescimento das mesmas.
O Boletim da Fundação Portugal África - Observatório de África nº4, Fevereiro, sublinha que desde 2000, as relações comerciais entre os dois blocos aumentaram 268%. A maioria dos acordos assinados incide sobre a vertente energética, com 25% da produção angolana de petróleo a destinar-se à China, assim como 30% da produção da Nigéria, Gabão e Guiné Equatorial. E o mais recente fórum realizado foi o de 5 de Novembro de 2006, III Fórum de Cooperação China-África. Este fórum teve como interesse demonstrar ao Ocidente que a China e os países africanos podem sobreviver e desenvolver-se, independentemente dos condicionalismos impostos por norte-americanos e europeus. Ainda na mesma vertente, a China assinou contratos comerciais com vários países africanos avaliados em 1.9 mil milhões de USD, nomeadamente com o Egipto (produção de alumínio); África do Sul (na produção mineira); Nigéria (construção de infra-estruturas); Sudão (têxteis); Gana (renovação do sistema telecomunicações); Zâmbia (na exploração de cobre); e Cabo Verde (na construção de uma fábrica de cimento). Em troca de tudo isto, foi adoptado um Plano de Acção para os próximos 3 anos, 2007-2009, nas áreas de cooperação política - na criação de mecanismos de consulta regulares a nível ministerial entre as partes. Para além das relações entre países, pretende-se estimular as relações entre a China e União Africana e entre o Fórum de Cooperação NEPAD; na cooperação económica e comercial, a China pretende promover investimentos de companhias chinesas em África no valor de 5 mil milhões de dólares, reforçar o apoio na área agrícola, na construção de infra-estruturas, nomeadamente transportes, telecomunicações, fornecimento de água e energia, apoio à exploração de recursos energéticos africanos; na área da cooperação internacional, harmonização das oposições as partes sobre as grandes questões internacionais, nomeadamente, a prossecução dos ODM, reforma da ONU e combate ao terrorismo; na área do desenvolvimento social, a China pretende reduzir a dívida externa dos países africanos à China, empréstimos de dinheiro, consturções de escolas, hospitais, o alargamento do turismo, etc...
Perante toda esta oferta, recordo-me do velho ditado (quando a esmola é grande até o pobre desconfia). É verdade, muito verdade e uma verdade a ter em conta e atenção. É verdade que a China tem mão-de-obra barata, produtos baratos e enfim..., e os governantes africanos como querem gastar menos e o resto vai para os seus bolsos, eles aproveitam-se dessa tamanha oferta. Não me assusto ao saber que a China não tardará em ser uma grande potência mundial, pelo que tem feito até agora.
No meu ponto de vista, dentre as muitas coisa boas que a China pretende em África, a sua política não passa dum neocolonialismo. Trata-se de uma colonização em pleno século XXI no sentido mais próprio do termo colonização e não uma parceria a ter em conta a 100%. Custa-me acreditar que a China só está assinar protocolos com África no âmbito do domínio de matérias primas. Isto é um neocolonialismo humano que passa sobretudo pela transferência de pessoas chinesas, tentando diminuir o excesso da sua população. A cada dia que passa muitos chineses são plantados em África, levando alguns consigo as famílias e fixando-se lá. Uns vão e não voltam para a China e outros são substituídos. Por exemplo em Angola, perderam-se os dados numéricos dos chineses. Segundo fonte da Courier Interantional, Abril de 2006, dados de 2005, em termos demográficos e económicos, a China apresenta o seguinte: Área (quilómetros quadrados) - 9.591.000; População- 1.307.400.000**; População Urbana- 41,8%; Taxa de Desemprego- 4,2%; Rendimento Per Capita(USD)- 6.208**; PIB(Milhões USD)- 1.911.700**. Crescimento PIB- 9,3%**; Inflação- 1,9%**; Importações(Milhões USD)- 532.700*; Exportações(Milhões USD)- 572.800*; Investimento Estrangeiro(Milhões USD)- 60.300**. Neste entretanto, a China e a Índia juntas prefazem um terço da humanidade. A China está tão saturada que precisa de assinar muitos protocolos no domínio de matérias primas, assim como tem que mandar recursos humanos para muitos países africanos.
Como africano, estou muitíssimo preocupado com esta situação. Espero que África se aperceba disto o mais rápido possível na pessoa dos seus governantes. Talvez eu esteja enganado nesta minha análise (...). Daqui a meia dúzia de anos, pois, veremos o que poderá acontecer com esta política chinesa em África.
2007, é o ano que se fala da realização da Cimeira Europa África. Não sei se será satisfatória. A União Europeia não está de acordo com a presença do presidente Mugabe (Zimbabwe), e a União Africana quer fazer presente este Hitler africano...veremo o que poderá sair desta desavença.
Depois de tudo que abordei neste artigo, vê-se pouca actuação dos EUA e da UE nos próximos anos, com a presença da China em África. Termino deixando um recado para a União Europeia... a UE tem de apostar na abertura da política comercial. Acabar com a vergonha da política agrícola da Europa, abrindo caminho para África, exemplo: troca de produtos, como a cana de açucar (com a Guiné Bissau), o café, e tantos outros produtos. Se assim for, isto permite o desenvolvimento natural da economia africana. Os dois continentes ficam a ganhar, e UE pode diminuir as acções da China. El BV "HAJA PAZ".
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