sexta-feira, 14 de maio de 2010

UNIPIAGET PROMOVE PALESTRA EM ALUSÃO AO 393º ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE BENGUELA

Reforçado conceito de pátria

O jurista Luther Rescova afirmou, no início desta semana, em Benguela, que falar sobre a ética e a angolanidade fora do sentido maior do patriotismo, significa tratar de forma superficial matérias que sustentam a existência de um país soberano como Angola.

O docente universitário, que dissertava sobre o tema “Ética e o sentido de angolanidade” durante uma palestra realizada pelo Pólo de Benguela da Universidade Jean Piaget, 
enquadrada nas comemorações do 393º aniversário da fundação da cidade de Benguela, considerou, durante a sua alocução, que falar do patriotismo requer uma incursão que nos leve a saber como, na nossa realidade, se chegou ao conceito de pátria.

O palestrante, fazendo recurso à história, lembrou aos presentes os feitos dos promotores da união forjada para a luta contra o colonialismo português, liderada por soberanos como Nzinga Mbandi, Katiavala e Mandume, e considerou que “ foi apenas a partir desse acto que foi possível se empreender o processo que nos levaria ao despertar do nacionalismo angolano, iniciado pelo grupo dos 36, que passou para os 38, e mais tarde o processo dos 50, e posteriormente o 4 de Fevereiro de 1961, data do início da luta armada de libertação nacional que nos conduziu à independência em Novembro de 1975”.

Na sua opinião, foi a partir desta altura que surge o conceito de pátria. “Daí em diante o que se pediu aos angolanos movidos pelo sentimento de unidade foi o fortalecimento do amor à pátria, ou seja, o patriotismo, que consideramos como uma das facetas do sentido de angolanidade”, argumentou o palestrante, para dizer que apesar do período conturbado que se seguiu à independência e terminou em 2002, “o sentimento de angolanidade foi mais uma vez ressaltado, porque queríamos todos viver em paz e para tal acabar com as diferenças que nos dividiam”, realçou.

Ética e patriotismo de mãos dadas

Luther Rescova, durante a palestra que proferiu para professores e estudantes universitários, referiu que o sentido de angolanidade, a ética e o patriotismo estão sempre de mãos dadas “porque se não tiverem na vértice da sua abordagem a questão da responsabilidade, honestidade e moralidade, em nada concorrem para a transmissão dos princípios da ética”, referiu.
Depois de questionar os jovens presentes sobre o tipo de patriotas que um país como Angola hoje precisa, Luther Rescova aconselhou-os a ter o espírito patriótico como base para a continuidade das lutas iniciadas pelos soberanos angolanos e prosseguidas pelas gerações seguintes, mas pediu igualmente a sua atenção para as lutas que se impõem actualmente, como é o caso do desenvolvimento, que considerou como “uma nova batalha para o povo angolano”.

Reforma de mentalidade

O jurista Luther Rescova considerou que a necessidade de Angola se desenvolver, decorre da necessidade de, também, refazermos as nossas mentalidades. “Somos nós que, da mesma forma que pedimos o desenvolvimento de um sector, acabamos por destruí-lo”, criticou o também deputado da Assembleia Nacional. Aos jovens também apelo para que se associem ao cumprimento das tarefas que o patriotismo exige. Por outro lado criticou a juventude pelo facto desta, muitas vezes, ser a protagonista dos focos de lixo, embora geralmente seja ela mesma chamada a cuidar da higiene nas localidades onde vivem.

Luther Rescova dirigiu uma crítica aos estudantes universitários em Angola que se consideram superiores aos demais e que exibem tal grau em qualquer local. Na sua opinião, a humilde forma a consciência e é um pressuposto para aprender. “Só a humildade vai dar à pessoa a possibilidade de aprender, porque quem é arrogante, ou seja, um “sabe tudo”, não progride”, recordou.

Luther Rescova lembrou ainda aos presentes que um país não se constrói apenas com pessoas formadas em universidades, mas cada um, na sua tarefa, é tão útil como os demais.
Aproveitou ainda para criticar aqueles jovens que entendem que ter um bom emprego “é apenas sair todos os dias de gravata e dirigir-se para um escritório, pois a não ser assim consideram que não estão bem empregados”. Acabadas as críticas, o jurista e deputado defendeu que é patriótico entendermos o nosso presente e, de modo natural, termos perspectivas assentes na programação da nossa vida. “Não devemos fazer dos sonhos dos outros os nossos sonhos, ma ter os outros como referência. Querer ser como os outros é legítimo, mas não na ideia de invejá-los, porque é nesta base que surge a desmotivação, a preguiça, o que constitui um comportamento anti-ético e anti-patriótico”, considerou.

Texto e foto: Jornal de Angola 

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