quinta-feira, 9 de abril de 2009

Ainda o caos da Guiné

Acusação de conluio na morte de "Nino"

Mais de um mês depois do assassinato do presidente Nino Vieira e do chefe do exército Tagmé Na Waié, a Guiné-Bissau continua a viver da instabilidade. A par da investigação, opositores políticos trocam agora acusações graves.

O actual primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, e o CEMGFA interino, Zamora Induta, fizeram "um conluio" para eliminar o presidente Nino Vieira e o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Tagmé Na Waié, assassinados no início de Março. A acusação foi feita ontem pelo antigo primeiro-ministro Francisco Fadul.

Segundo Fadul - o actual presidente do Tribunal de Contas chegou ontem a Lisboa para tratamento hospitalar ao espancamento de que foi alvo na sua residência, em Bissau, na semana passada - houve "um plano concertado para decapitar o Estado e a chefia das Forças Armadas", e daí "tirar proveitos políticos". Em declarações à agência Lusa, retransmitidas pela RDP África, Fadul disse ainda que "Zamora há muito queria eliminar Nino, como já tinha conseguido eliminar Ansumane Mané [ex-líder da Junta Militar que derrubou Nino Vieira em 1999]".

O Governo guineense já reagiu, considerando "falsas, extremamente graves e irresponsáveis" as acusações de Francisco Fadul. Em conferência de Imprensa, o ministro da Comunicação Social revelou ainda que já foi pedido ao procurador-geral da República que tome "medidas pertinentes".

Enquanto isso, o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas interino, Zamora Induta, revelou que já são conhecidos os elementos que colocaram a bomba que matou o general Tagmé Na Waié no Estado-Maior, no dia 2 de Março. "Felizmente já os conhecemos, eles já confessaram. Brevemente traremos essa notícia a público. Estamos na fase final do processo", acrescentou, sem mais detalhes. "O outro crime [a morte de Nino Vieira] não nos compete a nós investigar, porque o Governo já criou uma comissão para esse efeito, da qual fazemos parte".

Entretanto, o Ministério Público manifestou intenção de ouvir membros do Governo e das chefias militares no âmbito das investigações. Isabel Vieira, mulher de Nino e a principal testemunha do assassínio, também deverá ser ouvida.

As eleições presidenciais na Guiné-Bissau, recorde-se, estão marcadas para 28 de Junho.

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